O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, substituiu o comandante das forças terrestres militares do país nesta sexta-feira (29), colocando o major-general Mykhailo Drapatyi no comando.
Isso acontece enquanto a Rússia obtém ganhos no leste e Kiev enfrenta escassez de soldados.
Zelensky disse que “mudanças internas” são necessárias — ele havia anunciado o tenente-general Oleksandr Pavliuk, antecessor de Drapatyi, no comando das forças terrestres em uma grande reformulação em fevereiro de 2024.
“A principal tarefa é aumentar significativamente a eficiência de combate do nosso Exército, garantir a qualidade do treinamento dos militares e introduzir abordagens inovadoras para a gestão de pessoas nas Forças Armadas da Ucrânia”, afirmou o presidente.
“O Exército ucraniano precisa de mudanças internas para atingir os objetivos do nosso estado por completo”, disse ele no Telegram após se reunir com seus principais oficiais militares e governamentais.
Drapatyi é muito respeitado no Exército, e analistas militares elogiaram sua nomeação. Ele assumiu o comando da frente de Kharkiv — a segunda maior cidade do país — em maio e conseguiu parar a ofensiva russa no nordeste, estabilizando a frente.
Zelensky também disse que nomeou o Coronel Oleh Apostol, comandante da 95ª brigada de assalto aéreo separada, como vice para o chefe do Exército, Oleksandr Syrskyi.
Ele elogiou Drapatyi e Apostol, destacando que “eles provaram sua eficiência no campo de batalha”.
Situação difícil para a Ucrânia na guerra
A Ucrânia está em desvantagem no campo de batalha, pois luta contra um inimigo com mais tropas e mais bem equipado. As forças russas estão avançando firmemente na região oriental de Donetsk.
Syrskyi, o chefe do Exército, ressaltou nesta sexta-feira que fortaleceria as tropas implantadas na frente oriental com reservas, munição e equipamento enquanto visitava dois locais importantes controlados pela Ucrânia na região de Donetsk.
A Ucrânia também perdeu cerca de 40% do território que capturou na região de Kursk, na Rússia, em uma incursão surpresa em agosto, enquanto as forças russas montaram ondas de contra-ataques.
O chefe das forças terrestres supervisiona os esforços de mobilização durante a guerra.
Analistas militares dizem que o Exército da Ucrânia está enfrentando escassez de agentes, tornando mais difícil rotacionar tropas para fora dos mais de mil quilômetros da linha de frente ou formar forças de reserva.
Entenda a Guerra entre Rússia e Ucrânia
A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e entrou no território por três frentes: pela fronteira russa, pela Crimeia e por Belarus, país forte aliado do Kremlin.
Forças leais ao presidente Vladimir Putin conseguiram avanços significativos nos primeiros dias, mas os ucranianos conseguiram manter o controle de Kiev, ainda que a cidade também tenha sido atacada. A invasão foi criticada internacionalmente e o Kremlin foi alvo de sanções econômicas do Ocidente.
Em outubro de 2024, após milhares de mortos, a guerra na Ucrânia entrou no que analistas descrevem como o momento mais perigoso até agora.
As tensões se elevaram quando o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou o uso de um míssil hipersônico de alcance intermediário durante um ataque em solo ucraniano.
O projétil carregou ogivas convencionais, mas é capaz de levar material nuclear.
O lançamento aconteceu após a Ucrânia fazer uma ofensiva dentro do território russo usando armamentos fabricados por potências ocidentais, como os Estados Unidos, o Reino Unido e a França.
A inteligência ocidental denuncia que a Rússia está usando tropas da Coreia do Norte no conflito na Ucrânia. Moscou e Pyongyang não negam, nem confirmam o relato.
O presidente Vladimir Putin, que substituiu seu ministro da Defesa em maio, disse que as forças russas estão avançando muito mais efetivamente – e que a Rússia alcançará todos os seus objetivos na Ucrânia, embora ele não tenha dado detalhes.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse acreditar que os principais objetivos de Putin são ocupar toda a região de Donbass, abrangendo as regiões de Donetsk e Luhansk, e expulsar as tropas ucranianas da região de Kursk, na Rússia, das quais controlam partes desde agosto.