As chances de Jair Bolsonaro escapar de uma condenação à prisão no Supremo Tribunal Federal pelo crime de golpe de Estado são próximas de zero.
Esse cenário ficou ainda mais claro nesta terça-feira (25), durante as deliberações do STF sobre a aceitação da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República. Embora tenham surgido algumas nuances de divergência entre os ministros aqui e ali, tratam-se apenas das etapas preliminares, nas quais a defesa fez o que se esperava: tentou desqualificar a acusação, o foro, a conduta do tribunal e de alguns de seus integrantes. No entanto, esbarrou em uma muralha no STF, que rejeitou todas as alegações da defesa — conforme também era esperado.
A questão central, no entanto, é compreender as consequências políticas desse julgamento. O STF está conduzindo um processo que, em grande medida, tem caráter político, na medida em que sua resposta ao bolsonarismo — e ao que ele representa, como o desprezo por instituições vistas como obstáculos ao seu líder e movimento, sobretudo o Judiciário — é, em primeiro lugar, uma resposta política.
Portanto, estamos diante de um embate cujo desfecho está longe de se encerrar, mesmo com a provável condenação do ex-presidente. Um dos motivos para isso é o fato de que o Judiciário brasileiro vem sendo visto por segmentos relevantes da sociedade como parte do confronto entre correntes políticas antagônicas. E uma dessas correntes, de grande abrangência e situada no espectro da direita, continua a enxergar em Bolsonaro uma figura de peso.
O julgamento em curso já se tornou parte da campanha eleitoral de 2026. Ele está no centro de articulações políticas no Legislativo, que buscam formas de enfrentar as decisões que venham a ser tomadas pelo Judiciário. Em relação a processos judiciais, costuma-se esperar que eles encerrem questões. No entanto, não há sinais, por enquanto, de que esse será o caso.
