Rafaela Costa, viúva e suspeita de envolvimento na morte do comerciante Igor Peretto, assassinado a facadas em agosto deste ano, foi orientada pela própria irmã a se entregar para a polícia. A informação consta no inquérito policial sobre o caso.
A mulher, de 26 anos, era mulher da vítima e, segundo a polícia, mantinha um triângulo amoroso com Mario Vitorino da Silva Neto, 23, e Marcelly Peretto, 21 – esposa de Mario e irmã do comerciante assassinado.
Segundo laudo do Instituto Médico Legal (IML), Igor foi morto com 11 facadas, sendo sete na região do tórax, três na cabeça e no rosto e uma nas costas. O crime ocorreu no apartamento de Marcelly entre 5h45 e 6h05 do dia 31 de agosto.
As investigações apontam que as mensagens trocadas logo após o homicídio (dia 31 de agosto por volta das 12h) foram apagadas do celular de Rafaela e não foram completamente recuperadas. No entanto, o inquérito destaca que, nas mensagens, a viúva de Igor chegou a pedir para a irmã não abandoná-la.
A irmã de Rafaela, por sua vez, orientou a suspeita a se entregar para a polícia, juntamente com Mário, pois eles iriam “ser encontrados de qualquer maneira”. No entanto, Rafaela alegou, em sua defesa, que não estava no local e que teria saído antes que Igor e Mário chegassem ao apartamento.
Mesmo assim, a irmã de Rafaela ainda incentivou a mulher a se entregar, com a justificativa de que se ela não o fizesse, iriam matar a viúva.
Leia a conversa entre a viúva e a irmã:
Irmã de Rafaela Costa: “Pelo amor de Deus. Rafaela fala que é mentira, por favor. Fala que é pegadinha. Meu Deus.”
Rafaela Costa: “Irmã, eu só tenho você. Abre a boca aí, as câmeras prova tudo. Tudo. O Mário disse que caiu no chão em choque. Foi isso. Eu estava na Marcelly. Ai sai. Quando entrei no carro o Igor começou a me ligar nervoso e estava com o Mário. eu ja saí acelerando pra Santos. Quando eu estava na divisa, o Mário me ligou mandando encontrar os dois em SP. Só me falaram quando eu entrei no carro deles, 10h da manhã.”
Irmã de Rafaela Costa: “Os dois quem? Marcelly e Mário?”
Após a troca de mensagens, ambas finalizaram a conversa por uma ligação de áudio que durou cerca de sete minutos.
Segundo o inquérito, o fato de Rafaela alegar que teria recebido uma ligação de Igor causou “estranheza”, uma vez que não foi possível identificar ligações da vítima ou de Mário para ela. “[Isso] demonstra que não somente [Rafaela] excluiu mensagens do seu aparelho, como também pode ter apagado outros eventos (ligações, contatos e etc)”, apontou o relatório.
O que diz a defesa de Rafaela
Em nota, a defesa da investigada afirmou que Rafaela não retornou antes porque temia pela sua vida. “Esse é mais um ponto figadal que demonstra que Rafaela só não voltou antes porque realmente temia pela sua vida.”
O texto diz ainda que o fato de Rafaela não estar no local do crime já havia sido demonstrado por câmeras de segurança.
“Na conversa extraída resta demonstrado que Rafaela não teve participação no crime em apuração, que seu problema foi ter ido ao apartamento antes do crime e ter fugido com Mário, contudo, sem ter tido o chamado Animus Necandi (vontade de matar Mário). “Em uma análise aprofundada dessas conversas, e de outras que não passarão ao descortino da banca de defesa de Rafaela, ao final, a tudo será explorado em julgamento”, acrescenta a defesa.
“Quanto tempo o corpo começa a feder?“
A viúva do comerciante Igor Peretto também chegou a pesquisar termos como “quanto tempo o corpo começa a feder?“, conforme mostra um relatório da Polícia Civil, que investiga o caso. O documento foi enviado à Justiça.
Segundo as mensagens obtidas pela CNN, além do termo relacionado ao cadáver, Rafaela Costa também pesquisou sobre como privar uma rede social na qual possui perfil.
Motivação do crime
Segundo o Ministério Público, o crime foi planejado porque Mario, Rafaela e Marcelly consideravam Igor um empecilho para o “triângulo amoroso” entre eles.
Rafaela, considerada a “pivô” do crime, teria se relacionado com a irmã de Igor antes do crime. Questionada, a defesa de Marcelly afirmou que a mulher relata que estava embriagada e foi beijada a força e acariciada pela viúva.
Após o crime, os suspeitos fugiram e tentaram ocultar evidências, mas foram presos posteriormente.
* Sob supervisão