A Polícia Federal (PF) contabilizou R$ 1,5 milhão em dinheiro em espécie apreendido durante a operação “Copia e Cola”, que cumpriu 28 buscas e apreensão em São Paulo e Bahia nesta quinta-feira (10). O prefeito de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos), foi um dos alvos.
A contabilização dos agentes da PF durou um dia inteiro devido ao volume da apreensão. Uma parte foi de R$ 863.854,00, valor encontrado em caixas de papelão no porta-malas de um carro, em São Paulo (SP). O dinheiro estava com um parente do prefeito Manga, representante de uma igreja suspeita de transações financeiras ilegais.
A outra parte estava em cofres com os alvos dos mandados de busca e apreensão e já passa de R$ 700 mil. Os policiais continuam fazendo o levantamento após um dia de operação, na manhã desta sexta-feira (11).
Todas as cédulas continuam em posse da Polícia Federal e o material passará por perícia e análise. A CNN apurou que a informação que circula nas redes sociais de que o dinheiro foi devolvido não procede.
Segundo investigadores ouvidos pela reportagem, a prática de algumas organizações de guardar dinheiro em espécie seria para “dinheiro em trânsito”, para movimentação rápida, sem registros e compras de itens valiosos, como joias.
As 13 armas apreendidas no endereço de um alvo também continuam apreendidas.
Segundo integrantes da PF, as armas são legais, mas foram apreendidas porque o investigado é alvo do inquérito, e quem responde a inquérito não pode ter arma, então deverá ser feito um procedimento administrativo para cassar o registro de CAC (colecionador, atirador, caçador) dele.
Quebra de sigilos e propina
A investigação apura a possível prática do crime de contratação direta ilegal envolvendo a Organização Social ACENI – atualmente denominada Instituto de Atenção à Saúde e Educação (IASE) – e a Prefeitura Municipal de Sorocaba (SP). A contratação emergencial, sem licitação, teve como objeto a gestão da UPA do bairro Éden.
A apuração avançou a partir da quebra de sigilo bancário e fiscal de investigados, que, segundo a PF, revelou indícios do envolvimento direto do prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, além de secretários municipais e particulares.
Os investigadores apontam que foram identificados possíveis pagamentos de propina por meio de transações imobiliárias e depósitos em espécie a operadores financeiros, com destaque para um amigo pessoal do prefeito. Também são investigadas movimentações suspeitas envolvendo uma igreja ligada à cunhada do prefeito e o marido dela, que também foram alvos de buscas.
A Organização Social ACENI é presidida por um empresário, mas, segundo as investigações, é controlada por sócios de outra empresa, a AP Engenharia Clínica, subcontratada pela ACENI. Os dois empresários também foram alvos da operação.
Um deles preside um clube de futebol de São Paulo, enquanto o outro, dono das armas apreendidas, tem histórico de prisão por tráfico de drogas com mais de 200 kg de cocaína.
A operação Copia e Cola da PF cumpriu buscas na Prefeitura de Sorocaba, Secretaria de Saúde, casa do prefeito, Diretório do Republicanos, e imóveis de envolvidos, como os empresários citados e o ex-secretário de Administração da cidade.
Prefeito alega perseguição
Em entrevista à CNN após a operação, o prefeito de Sorocaba, conhecido como “prefeito tiktoker”, alegou a existência de “politização” na ação da PF e da Justiça.
“A gente já viu esse filme se repetir com outros nomes. Eu lembro que o Pablo Marçal, quando anunciou sua pré-candidatura a presidente, foi alvo de uma busca e apreensão da Polícia Federal, o Gusttavo Lima também teve o mesmo problema com a polícia. Temos que separar os fatos”, disse.
“A investigação tem que acontecer, é bom que aconteça. Agora, infelizmente, o que vimos no dia de hoje é a politização da atuação da PF, que vemos que está acontecendo com todos aqueles que se levantam”, acrescentou o prefeito.
