Moradores de Gaza preparam tendas para retorno de famílias após cessar-fogo | CNN Brasil

Moradores de Gaza preparam tendas para retorno de famílias após cessar-fogo | CNN Brasil

Palestinos no norte da Faixa de Gaza prepararam nesta quinta-feira (23) acampamentos de tendas para o retorno de famílias que haviam fugido do local devido à guerra.

De acordo com o cronograma do cessar-fogo entre Israel e Hamas, as pessoas deslocadas deverão retornar ao norte do território palestino no sábado (25).

Muitas das centenas de milhares de palestinos que devem retornar vão encontrar suas casas em ruínas após uma ofensiva militar de Israel que durou 15 meses e devastou o enclave, além de ter matado mais de 47 mil moradores de Gaza.

Em outubro, as forças israelenses retornaram a áreas do norte em uma grande operação anti-Hamas focada no campo de refugiados de Jabalia, perto da Cidade de Gaza e das cidades de Beit Hanoun e Beit Lahiya, limpando a área de seus habitantes e destruindo a maioria de seus prédios.

“É esta a tenda com que sonhamos? Terá que caber 10 pessoas. Esta tenda é para os meus filhos que vêm do sul. Este é realmente um espaço adequado?” perguntou Wael Jundiya, enquanto preparava uma tenda.

“No sábado, as pessoas vão chegar do sul e inundar a cidade. E aí para onde vão? Cabem 100, 200 pessoas neste acampamento. E há 1,5 milhões vindo do sul”, disse Jundiya à Reuters.

Israel lançou seu ataque a Gaza depois que os combatentes do Hamas invadiram a fronteira em 7 de outubro de 2023, matando 1.200 pessoas e fazendo mais de 250 reféns, de acordo com as contagens israelenses.

Ainda nesta quinta, o Hamas publicou uma declaração afirmando que o retorno das famílias deslocadas começaria após a troca de sábado ser concluída e uma vez que as forças israelenses tivessem se retirado da estrada costeira para o norte. Pelo menos quatro reféns devem ser entregues a Israel no sábado.

Destacando as preocupações de muitos palestinos sobre a força do cessar-fogo em fases, um bombardeio de tanque israelense matou dois moradores de Gaza em Rafah, no sul do enclave, segundo o serviço de emergência civil local.

O exército israelense disse em um comunicado que soldados atiraram em um indivíduo armado em Rafah, embora não tenha especificado se a pessoa foi atingida. O exército relatou ter atirado em indivíduos em outras partes de Gaza, mas sem confirmar se alguém foi ferido ou morto.

Retornando a pé

O Hamas afirmou que as pessoas teriam permissão para retornar a pé pela estrada costeira, o que significa uma caminhada de vários quilômetros até a área oficial do norte, de onde poderiam tentar pegar carona em veículos, que seriam revistados em postos de controle. As pessoas que retornam não devem portar armas, ainda de acordo com o grupo.

O alto funcionário do Hamas Sami Abu Zuhri declarou que o grupo estava em contato com vários representantes árabes e internacionais que ajudariam na operação de retorno e socorro, incluindo o fornecimento de tendas. Ele disse que o Hamas, que governa o enclave, começaria a trabalhar imediatamente para consertar casas não totalmente destruídas.

“Vamos investir todas as nossas capacidades para ajudar nosso povo. Os municípios têm planos para receber as famílias que retornam ao norte, incluindo a montagem de tendas para elas”, relatou ele à Reuters.

Em Jabalia, o maior dos oito campos de refugiados históricos da Faixa de Gaza, e foco da campanha de Israel nos últimos três meses, muitos voltaram a viver dentro de suas casas destruídas, ateando pequenas fogueiras para tentar aquecer seus filhos.

“Eles estão falando sobre uma trégua, um cessar-fogo e a entrega de ajuda. Já faz três dias que voltamos, e não conseguimos encontrar água para beber. Não conseguimos encontrar cobertores para manter nossos filhos aquecidos. Dependemos de fogueiras a noite toda. Queremos ter um pouco de lenha para a fogueira, usamos plástico, que causa doenças”, disse Mohammed Badr, pai de 10 filhos.

Sua esposa, Umm Nidal, disse que não conseguia acreditar na destruição total.

“Não sobrou nada, você não pode andar nas ruas. Casas desabaram umas sobre as outras. Você se perde, não sabe se esta é sua casa ou não”, ela disse. “O cheiro de cadáveres e os mártires estão nas ruas.”

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