Com uma exportação recorde em 2024, o mercado de carne bovina brasileiro tem uma perspectiva positiva para os próximos anos, impulsionado pela infraestrutura e experiência da indústria nacional.
De acordo com dados da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o aumento de 30,4% nas exportações entre janeiro e novembro de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023, confirma o crescimento do setor.
No ano passado, o mercado de carne movimentou R$ 13 bilhões com exportações para outros países e pretende ampliar ainda mais sua participação no mercado internacional em 2025, especialmente para países da Ásia, que são responsáveis por quase 30% do consumo global de proteína bovina.
Roberto Perosa, recém-empossado presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), destaca que, apesar de desafios, como a necessidade de explorar novos mercados, o Brasil continuará ampliando sua produção e presença no comércio global de carne.
“O Brasil já é o maior exportador de carne bovina no mundo e temos alguns desafios ainda, e vamos desbravar novos mercados neste começo de ano, como Japão, Vietnã, Turquia e Coreia do Sul, que correspondem a quase 30% do consumo de carne no mundo”, afirmou.
Perosa mencionou que um acordo com o Japão, que está sendo negociado há mais de 20 anos, está prestes a ser fechado. Em fevereiro, uma comitiva brasileira, juntamente com o Ministério da Agricultura, viajará ao país para finalizar os termos.
Na Turquia, a proposta está em fase de negociação final, com apenas algumas questões técnicas pendentes.
No Vietnã, a burocracia já foi superada e agora resta enviar uma autoridade brasileira para formalizar o acordo. Perosa acredita que esses “desafios” serão superados já no início de 2025.
“O acordo mais atrasado é o da Coreia do Sul, que ainda precisa vencer obstáculos. Mas também há questões internas, como os problemas políticos por lá”, destacou Perosa.
Ele ainda afirmou que o ciclo pecuário no Brasil é positivo, com a disponibilidade de animais para abate, projetando que, pelo menos nos próximos dois anos, o Brasil continuará sendo um grande fornecedor de carne para o mercado global.
Apesar da participação crescente no mercado internacional, o Brasil seguirá abastecendo o mercado interno. Perosa lembra que 75% de toda a carne produzida no país permanece no Brasil.
Olhando para este cenário, reforça que a reforma tributária, que será sancionada nos próximos dias, vai tornar os preços mais “justos” para os consumidores locais.
“Hoje, 75% da carne produzida no Brasil fica no Brasil, somente 25% é exportada. [A reforma] é imprescindível para que a gente possa dar essa opção de refeição acessível para os brasileiros, pois o consumo de carne é cultural. O brasileiro consome muita carne. Isso vai corrigir uma injustiça para o setor e para a cultura brasileira”, afirmou à CNN.
Na regulamentação da reforma tributária, que foi aprovada no fim de 2024 pelos parlamentares, as carnes ficaram com a alíquota zerada na cesta básica brasileira. Apesar de alguns insumos já terem impostos federais negativos, alguns estados cobravam uma alíquota local.
Agora todas as carnes terão desconto para o consumidor final e os bois terão alíquota reduzida, o que pode resultar numa redução significativa dos preços, inclusive de carnes mais nobres, como a picanha – promessa de campanha do presidente Lula.
O presidente da Abiec também ressaltou que a produção de bovinos no Brasil segue em crescimento, o que resultará em uma oferta contínua de carnes, tanto para o mercado interno quanto para o externo.
Segundo a CNA, a expectativa é de que o setor cresça 6,2% em 2025, atingindo R$ 453,3 bilhões, impulsionado pelo aumento na produção de carne bovina.
COP 30 e os desafios de sustentabilidade
A realização da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP 30, no Brasil, também traz novos desafios para a pecuária brasileira. A pressão aumentou após a COP 29, realizada no Azerbaijão em 2024, não alcançar resultados satisfatórios em financiamento climático.
Entre as prioridades do Brasil está evidenciar as melhores práticas de produção e sustentabilidade. Segundo Perosa, a COP 30 será uma oportunidade para o Brasil se destacar como exemplo das práticas sustentáveis no setor agropecuário.
“Para o Brasil e o setor agropecuário, a realização da COP no país é muito positiva, pois mostrará o que temos feito em termos de integração e sustentabilidade. Estamos programando ter um pavilhão junto com aves e suínos para fazer uma experiência e que possam conhecer melhor o sistema produtivo brasileiro”, afirmou.
Perosa destacou ainda que o Brasil tem um dos sistemas de produção mais extensivos do mundo, com 80% do gado criado a pasto, o que confere ao país uma vantagem competitiva.
O pavilhão conjunto vai mostrar a evolução do setor, incluindo ações das empresas, melhorias genéticas e o fornecimento de bois novos para a China. “Vamos poder mostrar o que está sendo feito para desdizer os radicais que dizem que não está se fazendo nada”, enfatizou.
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