O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse a ministros e assessores próximos que gostaria de manter a fabricante de equipamentos bélicos Avibras sob controle nacional.
A empresa, considerada símbolo da indústria da defesa, está em recuperação judicial e tem dívidas superiores a R$ 600 milhões.
O governo não tem poder de decisão sobre a empresa, que é 100% privada. No entanto, diante do avanço de negociações para a transferência do controle acionário ao grupo australiano DefendTex, Lula pediu a auxiliares para entender como estaria o andamento do negócio.
A alternativa foi o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O BNDES é credor de dívidas da empresa e acionou a Justiça para a Avibras prestar esclarecimentos.
A CNN teve acesso a uma decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), da última quarta-feira (22), que determina que a Avibras apresente esclarecimentos em “caráter de urgência” ao banco sobre as tratativas de sociedade com a DefendTex.
Lula convocou, no início deste mês, uma reunião sobre a empresa. O presidente quis ouvir de seus conselheiros o que enxergavam como caminho para a Avibras.
Auxiliares relataram à CNN que o petista tem preocupações com os postos de trabalho gerados pela indústria e com a preservação da capacidade de inovação tecnológica da empresa em uma indústria considerada estratégica.
Fundada em 1961 por um grupo de engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Avibras foi uma das pioneiras no país na produção de equipamentos bélicos de ponta, como mísseis e lançadores de foguetes. A sede está em Jacareí (SP).
A empresa é controlada e presidida por João Brasil Carvalho Leite, filho de um dos fundadores. O atual controlador detém 98% do capital.
Além das dívidas, a empresa tem problemas trabalhistas. Em abril, a Avibras comunicou a existência de “tratativas avançadas” com o grupo australiano DefendTex.