O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), mandou uma série de recados a Jair Bolsonaro (PL) após vencer candidatos apoiados pelo ex-presidente em Goiânia e na vizinha Aparecida de Goiânia.
Em entrevista à CNN, Caiado disse que o PL e Bolsonaro o trataram como “condição acessória” no cenário político goiano.
“Fomos surpreendidos que o PL simplesmente chegou e já ditou as regras, colocou a chapa, não buscou diálogo na vice nem nada, definiu as candidaturas (em Goiânia e Aparecida) e nos tratou como uma condição acessória”, declarou no CNN 360º (segunda a sexta, das 15h às 18h).
Em Goiânia, o ex-deputado federal Sandro Mabel (União) foi eleito prefeito em segundo turno, derrotando o ex-deputado estadual Fred Rodrigues (PL) por 55,53% a 44,47% dos votos válidos.
Já em Aparecida, na Grande Goiânia, outra vitória política do grupo de Caiado: Leandro Vilela (MDB) – ex-deputado federal e sobrinho do ex-governador Maguito Vilela – venceu um nome do PL (Professor Alcides, por 63,30%).
“Isso mostra que liderar não é apenas impor candidatura, e acho que o PL a partir de agora vai refletir mais sobre isso”, afirmou Caiado.
Sem eleição em seu domicílio eleitoral, o Rio de Janeiro, Bolsonaro passou o domingo do segundo turno (27) em Goiânia, acompanhando o voto de Fred e de outros correligionários, além da apuração das urnas.
Para Caiado, o ato do ex-presidente foi “uma deselegância muito grande”. Na avaliação do governador, Bolsonaro buscou transformar Goiânia em um “ringue”
“[Se fosse para] Fortaleza, aí, sim, é um embate com o PT. Deveria ter tido lá toda a estrutura do PL, e não aqui em Goiás. Até porque sempre apoiei as campanhas dele”, declarou.
Em Fortaleza, o deputado estadual Evandro Leitão (PT) derrotou o deputado federal André Fernandes (PL) no que foi a disputa em capitais mais polarizada deste segundo turno, com a diferença de votos entre vencedor e perdedor se dando por menos de um ponto percentual (50,38% a 49,62%).
Bolsonaro passou a criticar publicamente o governador após ele se colocar como pré-candidato à Presidência em 2026 – o ex-presidente está inelegível e deve apoiar alguém indicado por ele se não conseguir reverter sua situação.
A CNN procurou Bolsonaro e o PL por meio de suas assessorias para comentários sobre as declarações de Caiado. Até o momento, não houve retornos.
Lula na eleição
Ainda na entrevista na CNN, Caiado avaliou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “não tinha nada a levar para os municípios e os estados” e, por isso, “se recolheu” no processo eleitoral.
“Se ele tivesse bem avaliado e ocupado de governar, é óbvio que ele seria um excelente cabo eleitoral”, afirmou Caiado.
Na campanha eleitoral, Lula se fez presentes em atos de campanha em São Paulo (com Guilherme Boulos, do PSOL), Fortaleza (Evandro Leitão, do PT), Natal (Natália Bonavides, do PT), Camaçari (na Grande Salvador; para Luiz Caetano, do PT), Diadema (Grande São Paulo; José de Filippi Júnior, do PT) e Mauá (Grande São Paulo; Marcelo Oliveira, do PT).
Das cidades visitadas pelo presidente, ele saiu vitorioso em Fortaleza, Camaçari e Mauá.
“Hoje, (o governo Lula) é um governo que não entendeu a vitória (que teve em 2022). Ao ganhar, ele tinha é que se preocupar com o Brasil e os brasileiros, e não acirrando o debate. Quem ganha a eleição é para construir, e não para ficar debatendo”, disse Caiado.
Para o governador, as eleições municipais de 2024 vão ser “educativas” para a classe política – de todos os espectros – e “servir de referência” para 2026.
“Esta eleição deu uma grande lição educativa no sentido de dizer: ‘olha, o povo quer dialogo, resultado’”, afirmou.