O Hamas libertou quatro soldados israelenses em uma segunda rodada de libertações sob um acordo de cessar-fogo que também viu Israel acusar o Hamas de não cumprir suas obrigações de libertar civis primeiro.
Após a soltura, Israel libertou 200 prisioneiros palestinos de centros de detenção, incluindo 121 que haviam sido condenados à prisão perpétua.
Logo após as libertações, porém, o Gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que os civis em Gaza não teriam permissão para voltar para suas casas no norte de Gaza, conforme planejado, porque uma civil israelense que seria libertada no sábado (25) não estava entre os libertados.
Soldados israelenses abrem fogo contra palestinos
Centenas de deslocados que esperavam retornar para suas casas no norte fugiram em pânico depois que os militares israelenses abriram fogo para impedí-los de cruzar para o norte de Gaza, mostram imagens da CNN Internacional.
Os militares israelenses alertaram as pessoas no início do dia que elas não poderiam viajar para o norte, passando pelo Corredor Netzarim – que divide o território – como planejado, dizendo que o Hamas não libertou Arbel Yehud durante a última libertação de reféns.
Israel tem pressionado pela libertação de Yehud, 29, que foi sequestrada de sua casa no kibutz Nir Oz. Israel diz que ela é uma civil e deveria ter sido libertada no sábado.
Na expectativa de serem autorizados a retornar, dezenas de famílias se reuniram na rua Al Rasheed – a estrada costeira ao norte. Mas em meio a tiros, elas se dispersaram, muitas se abaixando no chão. Não está claro se houve vítimas.
A CNN Internacional entrou em contato com o exército israelense para comentar.
Antes que a multidão se dispersasse, muitas pessoas disseram à CNN Internacional que queriam retornar para o norte, apesar de não saberem o que aconteceu com suas casas.
Uma mulher, Yusra Mahmoud Judat Abdel Rabbo, disse que queria voltar para casa em Jabalia, no norte, onde seu marido estava. “Desde o início da guerra, estávamos esperando por este momento para retornar para nossas casas no norte”, disse ela.
Hamna Ramadan Abdullah, também de Jabalia, disse à CNN Internacional que, embora sua casa tenha sido bombardeada, ela estava ansiosa para voltar para casa.
“A terra é minha alma, meu coração, minha vida, minha religião, minha moral e meu povo. Vim cedo porque estava ansioso e desejando voltar”, disse Abdullah da rua Al Rasheed.
“Vamos ver se vamos morar em uma escola ou em uma barraca”, ela disse.
Mohammad Al-Ghazali, da Cidade de Gaza, descreveu os últimos 15 meses de guerra como “os piores dias de nossas vidas”. Ele disse à CNN Internacional: “Perdemos tudo o que era querido e valioso. Agora, tudo o que nos resta é retornar à Cidade de Gaza e beijar seu solo”.
Reféns soltas
As quatro reféns libertadas no sábado – Karina Ariev, Daniella Gilboa, Naama Levy, todas com 20 anos, e Liri Albag, 19 – estavam mantidas em Gaza desde os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023.
Todas as quatro estão em condição estável, de acordo com a Dra. Lena Koren Feldman, diretora do Hospital Beilinson, onde as mulheres estão sendo avaliadas.
Combatentes do Hamas levaram as mulheres, vestidas com uniformes militares improvisados, para o palco na Praça Palestina na Cidade de Gaza antes de entregá-las à Cruz Vermelha.
Elas pareciam eufóricas enquanto acenavam para a multidão, com os israelenses visivelmente emocionados enquanto assistiam às imagens ao vivo na Praça dos Reféns, em Tel Aviv.
O Hamas fez uma demonstração de força durante a transferência, agitando bandeiras verdes e exibindo um cartaz de líderes israelenses atuais e antigos ao lado da palavra “fracasso”, no que pareceu ser uma mensagem para Israel de que o grupo permanecia poderoso apesar de ter sido atingido pela ofensiva em Gaza.
O porta-voz da IDF, Daniel Hagari, disse anteriormente que as quatro reféns libertados no sábado foram reunidas com suas famílias. A família de Daniella Gilboa expressou sua alegria com sua libertação de Gaza.
“Nós só queremos abraçá-la, vê-la e abraçá-la. E dizer a ela que ela está segura agora e que todos estão esperando por ela”, disse a tia de Gilboa, Dekele Sherabi, à CNN Internacional.
Após se reunirem com a família, as quatro militares foram transportadas de Re’im, no sul de Israel, para o hospital Beilinson, chegando em dois helicópteros militares separados. Algumas centenas de israelenses se reuniram ao redor do heliporto perto do hospital para recebê-las.
Uma cortina branca foi levantada para garantir a privacidade das reféns enquanto elas saíam dos helicópteros e iam para as vans que as levariam para dentro do centro médico.