O governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, votou nesta quinta-feira (20) para demitir Ronen Bar, chefe do serviço de segurança interna de Israel, conhecido como Shin Bet.
A votação na madrugada de sexta-feira (horário local) ainda pode sofrer recursos na Suprema Corte de Israel.
“O governo agora aprovou por unanimidade a proposta do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de encerrar o mandato do chefe da Shin Bet, Ronen Bar”, disse o gabinete do primeiro-ministro em um comunicado.
“O Ronen Bar terminará seu papel como chefe do Shin Bet em 10 de abril de 2025, ou quando um chefe permanente do Shin Bet for nomeado – o que vier primeiro”, acrescentou.
A decisão veio depois que Netanyahu se encontrou com Bar na semana passada e o informou que ele iria propor sua remoção.
Em um comunicado de vídeo divulgado no domingo, Netanyahu disse que sua “desconfiança contínua” em relação a Bar levou à mudança. “Em todos os momentos, mas especialmente em tal guerra existencial, o primeiro-ministro deve ter plena confiança no comandante do Shin Bet”, disse Netanyahu.
Netanyahu acrescentou que remover o Bar seria necessário para alcançar os objetivos de guerra de Israel em Gaza e “prevenir o próximo desastre.” O primeiro-ministro tem criticado frequentemente a agência, culpando seus líderes pelos lapsos de segurança que levaram aos ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, que mataram mais de 1.200 pessoas.
O Shin Bet, que é responsável por monitorar as ameaças internas a Israel, realizou uma investigação que determinou que a agência tinha “falhado em sua missão” de impedir os ataques. Mas também acusou as políticas do governo de Netanyahu como fatores que contribuíram com a instabilidade.
Um funcionário israelense disse à CNN na quinta-feira que o governo “perdeu toda a confiança em Ronen Bar, que continua se apegando a sua posição enquanto usa as famílias dos reféns e sua posição para fabricar investigações inúteis e infundadas.”
O Shin Bet abriu recentemente uma investigação sobre alegações de que integrantes do gabinete de Netanyahu fizeram lobby indevido em nome do Qatar – algo que o seu gabinete nega.
Na quarta-feira, o gabinete do procurador-geral Gali Baharav-Miara enviou uma carta a Netanyahu dizendo que o governo não poderia demitir Bar sem a aprovação de um comitê especial.
Netanyahu respondeu com uma carta na quinta-feira, dizendo que Baharav-Miara estava “excedendo sua autoridade” e “dando opiniões legais e instruções ao governo em violação das decisões do Supremo Tribunal.”
Bar divulgou um comunicado poucas horas antes de sua demissão dizendo que a votação do gabinete de Netanyahu “foi apressadamente convocada, contrariando todas as regras legais básicas sobre o direito de ser ouvido e contrariando a posição do conselheiro jurídico do governo.”
Netanyahu removeu anteriormente tanto Bar quanto o chefe do serviço de inteligência da Mossad, David Barnea, da equipe de negociação envolvida em conversas indiretas com o Hamas sobre o cessar-fogo e o acordo de reféns em Gaza.
Políticos da oposição criticaram o ataque de Netanyahu a Bar, alegando que é politicamente motivado.
“A demissão do chefe do serviço neste momento, por iniciativa do primeiro-ministro, envia uma mensagem para todos os envolvidos, uma mensagem que pode comprometer o resultado ideal da investigação. Este é um perigo direto para a segurança do estado de Israel”, disse Bar em seu comunicado na quinta-feira.