Casa Economia Empréstimo consignado CLT com FGTS como garantia: vale a pena contratar? | CNN Brasil

Empréstimo consignado CLT com FGTS como garantia: vale a pena contratar? | CNN Brasil

por matheusoliveira
0 comentários
emprestimo-consignado-clt-com-fgts-como-garantia:-vale-a-pena-contratar?-|-cnn-brasil

A modalidade de empréstimo consignado CLT gera debate nas redes sociais e avaliações de economistas. A discussão é sobre as garantias de 10% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e 100% da multa rescisória em caso de demissão para o crédito contratado.

Disponível desde o dia 21 de março, a linha de crédito oferece um empréstimo com desconto em folha de pagamento para trabalhadores sob o regime CLT, a Consolidação das Leis do Trabalho.

Até esta quinta-feira (27), os bancos liberaram cerca de R$ 1,3 bilhão no novo crédito consignado.

O economista e ex-BBB, Gil do Vigor, disse em publicação feita na segunda-feira (24), que o novo programa do governo federal pode aumentar o endividamento das famílias e afetar a saúde financeira dos trabalhadores em um eventual momento de demissão.

“O FGTS é um fundo garantidor. É para garantir a sua segurança. Se você for demitido e o seu dinheiro for todo embora, vai viver de quê?”, questionou.

O vídeo somava 3 milhões de visualizações na noite de quinta.

Em uma postagem no X, antigo Twitter, a influenciadora Nath Finanças acrescentou que “usar o FGTS como garantia de empréstimo pode parecer uma solução fácil, mas, na prática, aumenta ainda mais o risco de endividamento”.

Digo o seguinte, o FGTS não deveria ser usado como garantia de empréstimo. Se for pra usar dessa forma, é melhor liberar logo esses 10% pro trabalhador usar como quiser do que dar de mão beijada aos bancos caso a pessoa seja demitida.

— Nath Finanças 💰 (@nathfinancas) March 25, 2025

Pesquisa da Serasa mostra que, ao menos, 73,10 milhões de pessoas estavam endividadas no Brasil. Os dados são de outubro de 2024 e registram a segunda maior marca do ano passado, atrás somente do volume registrado em abril.

Enquanto o percentual de famílias endividadas estava em 76,1%, conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em janeiro deste ano.

O coordenador do Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV (FGVcemif), Lauro Gonzalez, avalia que o crédito é um integrante necessário para a economia, porém é preciso atenção por conta da renda da população já comprometida para o pagamento de dívidas.

“O cenário mais provável é um aumento do endividamento nas outras modalidades de crédito. As pessoas não tomam apenas esse consignado, mas acabam recorrendo a outras formas de crédito também”, diz Gonzalez.

O especialista segue a linha de raciocínio dos influenciadores e aponta que o crédito consignado CLT pode ser arriscado.

Os trabalhadores do setor privado podem perder o emprego a qualquer momento, diferente do servidor público, que conta com a estabilidade do cargo, e dos aposentados e pensionistas, que têm o pagamento do benefício garantido.

Outro ponto de atenção é o prazo de pagamento do crédito consignado, o qual significa que a renda dos contratantes será comprometida por mais tempo.

O coordenador do FGVcemif elenca uma série de pontos de atenção no novo empréstimo consignado para CLT:

  • Uso do crédito para quitar dívidas anteriores: Muitos já recorrem ao consignado para pagar débitos antigos, mas essa estratégia não tem reduzido o endividamento. Como o consignado possui prazos mais longos, há um risco maior de que outras modalidades de crédito sejam utilizadas simultaneamente, ampliando o comprometimento da renda.
  • Aumento da oferta agressiva de crédito: Com o anúncio do governo, espera-se um crescimento expressivo nas ofertas de crédito consignado, muitas vezes de forma insistente e sem a devida análise financeira, aumentando o risco de contratações desvantajosas e superendividamento.
  • Ampliação da margem consignável e impacto no endividamento: Mesmo antes das mudanças, o consignado já contribuía para o comprometimento excessivo da renda. O aumento da margem consignável e os prazos prolongados intensificam essa situação, levando muitos a entrarem em um ciclo contínuo de dívidas, em que novos contratos são firmados à medida que os antigos são quitados.
  • Alternativas ao consignado: Em vez de priorizar essa modalidade, a ampliação de outras linhas de crédito, como financiamento imobiliário, crédito para microempresas e microcrédito, poderia ser uma solução mais sustentável para a economia e os trabalhadores.
  • Regulação da oferta de cartão de crédito: Diante da provável expansão do consignado, medidas para mitigar o superendividamento seriam essenciais. Uma alternativa seria o reforço na regulação da oferta de cartões de crédito, impondo requisitos mais rigorosos para a concessão desse tipo de crédito.

Como avaliar se a taxa de juros e o custo total do empréstimo são vantajosos?

Para além da contratação do empréstimo consignado CLT, o usuário deve analisar seu orçamento, identificar prioridades e avaliar se o crédito é a melhor opção diante da saúde financeira da família, sugere o advogado trabalhista da TT&Co, Caio Bouckhorny.

  • Pesquisar: Compare as taxas de juros e as condições oferecidas por diferentes instituições financeiras.
  • CET: Analise o Custo Efetivo Total (CET) do empréstimo, que inclui todas as taxas, tarifas, seguros e demais despesas envolvidas na operação. O CET representa o custo real do empréstimo e permite comparar diferentes opções de forma mais precisa.
  • Simular: Utilize simuladores de empréstimo consignado para calcular o valor das parcelas e o impacto no seu orçamento.
  • Analisar: Verifique se o valor das parcelas cabe no seu orçamento e se será possível pagá-las sem comprometer suas finanças.
  • Negociar: Tente negociar a taxa de juros e as condições do empréstimo com a instituição financeira.

Bouckhorny relembra que o FGTS, uma das garantias para o novo consignado, é um direito do trabalhador e tem como objetivo proteger o empregado em caso de demissão sem justa causa, doenças graves, compra da casa própria e aposentadoria.

O especialista aconselha ponderar sobre a forma como o crédito consignado será utilizado e questionar a real necessidade do empréstimo, a finalidade do crédito, se há outras saídas para a situação financeira e se as parcelas cabem no orçamento.

“Se a resposta para alguma dessas perguntas for negativa, é melhor repensar a contratação do empréstimo e buscar outras alternativas. O crédito consignado pode ser uma ferramenta útil para resolver problemas financeiros ou realizar projetos de vida, mas deve ser utilizado com responsabilidade e planejamento para evitar o endividamento e garantir a tranquilidade financeira”, diz Bouckhorny.

O chefe de renda fixa na Suno Research, Guilherme Almeida, afirma que houve reação “negativa” ao uso do FGTS como garantia ao consignado para trabalhadores CLT.

O especialista em Finanças Corporativas e Mercado de Capitais explica que há alternativas de crédito sem o uso de garantias, porém com custo maior.

“O mercado reagiu de uma forma muito negativa em relação a esse tópico da utilização do FGTS, ainda que seja só 10%. No mercado, existe a possibilidade de esse trabalhador contratar linhas de crédito alternativas sem a presença de garantia. Mas isso traz um custo, que é justamente uma taxa de juros mais alta do que a que se observa nas linhas do consignado ao trabalhador”, disse Almeida.

O especialista explica que existem duas possibilidades no mercado. Caso o trabalhador não queira dar o FGTS como garantia, pode contratar uma linha mais cara.

Porém, se preferir uma linha mais barata, ainda que as taxas sejam estruturalmente elevadas, há a opção de oferecer uma garantia.

Quem pode solicitar o novo empréstimo para CLT?

Trabalhadores com carteira assinada, inclusive trabalhadores rurais e domésticos, além de Microempreendedores Individuais (MEIs), terão acesso à linha de crédito. O trabalhador terá uma margem consignável de até 35% do salário.

Passo a passo para liberar o “Crédito do Trabalhador”:

  • Acesse o aplicativo Carteira de Trabalho Digital (CTPS Digital);
  • Solicite a proposta de crédito;
  • Autorize que os bancos tenham acesso aos dados;
  • As propostas serão enviadas em até 24h;
  • Analise a melhor oferta;
  • Faça a contratação por meio do banco.

Como os pagamentos serão feitos?

Mensalmente, as parcelas serão descontadas na folha de pagamento do trabalhador, por meio do eSocial. Após a contratação, o trabalhador poderá acompanhar mês a mês as atualizações do pagamento.

E se houver demissão?

No caso de desligamento, o valor devido será descontado das verbas rescisórias, observado o limite legal de 10% do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e 100% da multa rescisória.

você pode gostar

SAIBA QUEM SOMOS

Somos um dos maiores portais de noticias de toda nossa região, estamos focados em levar as melhores noticias até você, para que fique sempre atualizado com os acontecimentos do momento.

categorias noticias

noticias recentes

as mais lidas

O Amarelinho © Todos direitos reservados