As empresas brasileiras de carne bovina não esperam ser prejudicadas por possíveis novas tarifas do governo do presidente dos Estados Unidos Donald Trump, devido ao baixo estoque de gado norte-americano e a uma tarifa considerável que já existe sobre essas exportações.
Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), disse em uma entrevista nesta quarta-feira (22) que as exportações brasileiras de carne bovina fora de uma cota anual de 65.000 toneladas já estão sujeitas a uma tarifa de 26,4% ao entrar nos EUA.
Suas falas sugerem que o Brasil, o maior exportador de carne bovina do mundo, continuará sendo um importante fornecedor dos EUA, apesar de qualquer retórica protecionista do governo Trump.
As empresas brasileiras exportaram US$ 1,3 bilhão em produtos de carne bovina para os EUA no ano passado.
“Acho que os EUA estão num ciclo pecuário com dificuldade, e (continuarão assim) pelo menos nos próximos dois anos”, disse Perosa, que lidera a poderosa associação de carne bovina, representante de empresas como a JBS e a Marfrig, ambas com operações nos EUA.
O Brasil exportou cerca de 230.000 toneladas de carne bovina in natura e processada para os EUA no ano passado, um aumento de quase 66% em relação a 2023, com a maior parte pagando a pesada tarifa, disse Perosa, citando dados de comércio exterior.
A escassez de gado nos EUA, onde os estoques atingiram o nível mais baixo em sete décadas, significa que os compradores americanos precisarão de um parceiro confiável para fornecer grandes volumes de carne bovina. “Esse parceiro é o Brasil”, disse Perosa.
O Brasil tentou negociar com os EUA um aumento da cota livre de tarifas para 150.000 toneladas, mas o estado das negociações não está claro após o retorno de Trump à Casa Branca no início desta semana, disse Perosa.
Os EUA são o segundo maior destino de exportação de carne bovina do Brasil, depois da China, e também o segundo maior parceiro comercial do país sul-americano em geral.
O Brasil paga uma tarifa de 12% para exportar carne bovina para a China, que pagou US$ 5,4 bilhões pela carne bovina do país sul-americano no ano passado, disse Perosa, citando dados de comércio exterior.
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