A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, protocolou, na última quarta-feira (15), um pedido de investigação, na Comissão de Ética do PT, contra o vice-presidente do partido e prefeito de Maricá (RJ), Washington Quaquá.
O dirigente partidário defendeu, publicamente, os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, investigados como mandantes do assassinato da então vereadora carioca Marielle Franco — irmã de Anielle. O motorista Anderson Gomes também acabou assassinado no mesmo atentado em 2018.
Quaquá publicou, nas redes sociais, uma foto ao lado de familiares dos irmãos Brazão, alegando não haver provas contra eles.
Nesta sexta-feira (17), Anielle, em entrevista à CNN, exigiu respeito à memória da irmã.
“O que tinha para falar e fazer, a gente fez. Já demos entrada na Comissão de Ética. Marielle tem um legado, tem uma história, assim como a minha família, de muito respeito, muitos valores e muito caráter”, afirmou durante agenda pública no Rio de Janeiro — Anielle participou da assinatura de um acordo para combate ao racismo.
“A gente não perde muito tempo batendo boca: a gente age, a gente faz. Exigir respeito por uma mulher que foi assassinada, para que ela não sirva de palanque, é o mínimo que podemos fazer”, reforçou a ministra.
Enquanto eu estiver viva, defenderei sempre o legado da minha irmã e pedirei respeito, como fiz.
Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial
Representação
A CNN teve acesso à representação apresentada por Anielle contra Quaquá. O documento aponta “conduta antiética” e “declarações irresponsáveis” do prefeito de Maricá em relação aos irmãos Brazão.
No texto, Anielle argumenta que as declarações do dirigente “descredibilizam, de forma irresponsável e leviana, os esforços pela luta por justiça e as deliberações internas do Partido dos Trabalhadores”.
A ministra destaca ainda que a postura do vice-presidente do PT fere o Código de Ética do partido, ao violar deveres de “respeitar e fazer respeitar as decisões partidárias”.
A representação também enfatiza que Quaquá agiu de maneira “contraditória aos princípios éticos e políticos da direção do partido”, ao questionar os resultados das investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério da Justiça no governo Lula (PT), que apontaram os Brazão como mandantes do crime.
O documento pede que a Comissão de Ética adote medidas cabíveis, incluindo a responsabilização e possíveis sanções contra o prefeito de Maricá.
A CNN entrou em contato com Quaquá, pedindo um posicionamento, mas, até a publicação deste texto, não houve retorno. O espaço segue aberto.