Um relatório produzido pelo subcomitê da Fifa sobre o legado da Copa do Mundo de 2022, realizada no Catar, informou que o órgão que controla o futebol mundial tem a responsabilidade de indenizar trabalhadores imigrantes, mas a organização não acatou a recomendação de fazê-lo usando o fundo de legado do torneio.
O relatório preparado pelo Subcomitê de Direitos Humanos e Responsabilidade Social da Fifa analisou uma solicitação feita no Congresso da entidade pela Federação Norueguesa de Futebol, que perguntou quais medidas o órgão poderia tomar para pagar os trabalhadores.
Nesta semana, a Fifa lançou um fundo de legado de US$ 50 milhões para programas sociais, mas foi criticada pela Anistia Internacional por não fazer nada pelas famílias dos trabalhadores imigrantes que morreram ou foram explorados durante a construção dos estádios para a Copa do Mundo do Catar.
O país negou que trabalhadores tenham sido explorados. “Há colaboradores que contribuíram para o sucesso retumbante da Copa do Mundo da Fifa Catar 2022 e que ainda não se beneficiam de nenhuma compensação adequada”, disse o relatório, que foi publicado 11 meses após sua apresentação.
“Embora a maior responsabilidade de retificar tais deficiências seja dos empregadores diretos desses trabalhadores, bem como do governo do Catar, a Fifa também tem a responsabilidade de tomar medidas para ajudar na provisão de indenização a esses trabalhadores”, acrescentou.
O relatório afirma que ocorreram muitos “impactos nos direitos humanos” no Catar de 2010 a 2022 para os trabalhadores, incluindo mortes, ferimentos, salários não pagos por meses e dívidas enfrentadas pelos funcionários e suas famílias, que pagaram para obter os empregos.
“O relatório oferece diretrizes claras à Fifa sobre o que constitui indenização efetiva e justa, para garantir que os trabalhadores imigrantes recebam o que têm direito”, disse a presidente da Federação Norueguesa, Lise Klaveness.
“A Fifa deve agora implementar as recomendações do relatório e garantir que os trabalhadores imigrantes que contribuíram para a Copa do Mundo sejam indenizados de forma justa.”
A Fifa rebateu dizendo que todos os relatórios e recomendações foram considerados. “Embora não fosse possível atender a todas as recomendações, elementos práticos e impactantes foram mantidos. Note-se que o estudo não fez especificamente uma avaliação legal sobre a obrigação de indenizar”, disse à Reuters um porta-voz da Fifa.
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