As peças de roupa utilizadas pelo homem que explodiu em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) foram citadas pela Polícia Federal (PF) como um indicativo de que ele pretendia provocar um efeito-cascata.
O Instituto Nacional de Criminalística da PF apontou que, por baixo do terno, Francisco Wanderley Luiz usava uma camiseta com a ilustração de um homem que empurrava uma fila de dominós.
“Podemos interpretar na escolha dessa camisa a intenção de passar uma mensagem, a de que a vítima não considerava a própria morte como um ato isolado, mas sim dentro de um contexto e conectada a uma série de eventos futuros”, diz o laudo da perícia.
No documento, os peritos afirmam que o terno verde estampado com naipes do baralho “remete, num primeiro momento, ao personagem fictício do Coringa, indicando provavelmente que, de alguma forma, a vítima se identificava com essa figura”.
Contudo, prossegue o laudo, a informação da camiseta “é muito mais literal e evidente”: “Provavelmente a vítima se enxergava como o pequeno homem na ilustração, cujo papel seria servir como gatilho e, através da própria morte, deflagrar uma reação em cadeia.”
Apesar de mencionar essas possíveis interpretações, os peritos admitem que isso “extrapola a esfera médico-legal” e que caberá às autoridades competentes avançar nas investigações com base nesses elementos.
O laudo conclui que os achados necroscópicos demonstram “dinâmica e motivação coerentes com a psicopatologia e o caráter simbólico esperados no suicídio, o que permite afirmar que seria essa, do ponto de vista pericial, a causa jurídica mais provável da morte”.
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